quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Lilith

O que nós sabemos sobre o amor? Nada, absolutamente nada. Se amamos várias vezes em nossas vidas, em todas elas, o amor acontece em diferentes formas. Se amamos apenas uma vez, acreditamos ter encontrado nossa alma gêmea,  ignoramos o fato de que nada é perfeito e que nunca seremos a única pessoa na vida do nosso amado, talvez apenas o único amor. A monogamia não existe nem em pensamento. Aliás em nossos  pensamento e nossos sonhos, são onde acontecem as primeiras traições. São momentos íntimos e secretos, apenas nossos e que ninguém tem acesso. Podemos pensar e sonhar da maneira que queremos e ao voltar a realidade, achar que nossa vida real vale a pena e a irreal não passa de uma fantasia.
               Se sou descrente do amor? Nunca. O amor não permite que tenhamos a liberdade de desistir dele. Somos vítimas do seu poder e subjulgados pela sua força, que entra em nossos corações e faz-nos ignorar o perigo que é amar. Ele já destruiu vidas, fortunas, reinos e sempre ouvimos de suas vítimas a famosa frase: "Fiz tudo por amor." É como se fosse uma desculpa por todas as besteiras que fazemos. O amor é como a fênix, ele renasce das cinzas e nos transforma em novas pessoas. Sempre achamos que estamos mais maduros e experientes, que desta vez será diferente e voltamos novamente a acreditar nele. Não estar amando baixa nossa auto estima e a vida fica sem graça e  monótona.
                Amei. Amei muito. Me entreguei, me anulei, deixei de ser eu mesma para me juntar a outra pessoa e virar uma só. Complicado não? Para quem ama não é. Isso é o mínimo que podemos fazer pelo amor e eu fiz. Se me arrependo? Claro, mas só até amar novamente aí farei tudo de novo. Não quero ser cínica, mas estou sendo. O amor é cínico. Ele nos fere, nos magoa, nos joga no fundo do poço e quando somos apenas um resto do que éramos, ele volta e nos faz acreditar que tudo mudou. A vida é uma jornada e não podemos prever o futuro. Se não tentamos, vamos sempre ficar pensando no que poderia ter sido.
                Fui a igreja de Saint - Sulpice em Paris, a cidade do amor, dos namorados e do romantismo. O primeiro passeio que fizemos juntos foi andar às margens do rio Sena, tomar champagne e nos beijarmos sob a luz do luar. A igreja de Saint - Sulpice foi construída sobre as ruínas de um templo antigo, erigido em honra da deusa egípcia Íris e foi o local do batizado do Marquês de Sade e do casamento de Victor Hugo. Louco não? a junção do erotismo e do amor. Ainda lembro do dia em que entramos nela, às três da manhã para dizermos nossos votos de amor. A igreja estava vazia, era toda nossa. Você é a única pessoa que conhece minha alma, então como ousou me deixar? Como se atreveu a sair da minha vida assim de repente? Chorei, chorei muito. Chorei todas as lágrimas que podia chorar. Fiquei seca, vazia, amarga, fria e jurei que nunca mais homem nenhum iria me machucar. Declarei guerra ao amor.
                 Ali, na mesma igreja onde consolidamos nosso amor, a Rejane morria e Lilith nascia. Uma outra mulher que a partir daquele dia teria a vida nas mãos. Rejane foi pisada, Lilith passaria por cima de qualquer pessoa que atravessasse no seu caminho.
Um brinde a liberdade!

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